Carreira no agronegócio

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Inicio esse artigo fazendo uma provocação a você, amigo leitor. Aposto que, em algum momento da vida, já ouviu a seguinte cobrança: “meu filho, se você não estudar vai acabar trabalhando na roça”. Hoje, como professora da área de agroindústria e conhecendo o atual cenário do agronegócio brasileiro posso garantir que a frase mudou: “se quiser trabalhar na roça vai ter que estudar”. Essa mudança comportamental é refletida por números recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em 2012, apenas 9,87% do pessoal ocupado no agronegócio possuía ensino superior em determinada área. Já em 2020 esse número é quase o dobro, alcançando 17% até o mês de junho.

Apesar do cenário animador, um dos grandes desafios de famílias agropecuaristas é conseguir manter os jovens no campo e dar continuidade à sucessão familiar no agronegócio. A busca por melhores oportunidades de estudo e emprego acaba atraindo os jovens para grandes cidades do país. Como resultado deste comportamento, o último Censo Agropecuário (IBGE, 2017) mostrou que a população que vive e trabalha no campo está envelhecendo. Cerca de 60% dos moradores da zona rural possuem entre 30 e 59 anos e apenas 5% têm menos de 30 anos. Tal levantamento indica a forte tendência do jovem em trocar as oportunidades do interior pelo emprego na cidade.

Nadando contra a corrente, temos uma parcela da população que tem feito o caminho inverso, são profissionais que buscam capacitação técnica e que estão conquistando bons empregos em regiões onde o agronegócio é forte, basicamente em todo território brasileiro. O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com potencial para ser o maior produtor mundial. Além do clima, nosso país apresenta quantidade de água considerável e potencial de mais áreas agricultáveis.

Segundo dados do Cepea, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o produto interno bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu novamente em julho deste ano, 1,26%. Com isso, o setor completou sete meses sucessivos de alta em 2020, com crescimento de 6,75% no período. Em 2019, o agronegócio representou 21,1% do PIB brasileiro e empregou 18,4 milhões de pessoas no mercado de trabalho.

Diante de números tão positivos e de um setor tão promissor no cenário econômico brasileiro, nos colocamos a pensar: o que tem contribuído para que nossos jovens deixem a zona rural e migrem para grandes cidades em busca de novas oportunidades? Essa pergunta gera muita discussão e alguns fatores que podemos destacar são seguintes:

  • Falta de diálogo entre pais e filhos;
  • Objetivos diferentes entre o atual administrador e o sucessor;
  • Despreparo do futuro sucessor somado a falta de interesse pela empresa rural;
  • A distância entre a fazenda e a cidade em algumas regiões do país;
  • Recursos limitados para seguir com a atividade rural;
  • Visões muito diferentes entre o patriarca e o sucessor;
  • Falta de mão-de-obra no campo;
  • Desconhecimento do negócio da família, ou seja, da gestão da propriedade.

Antes de mais nada, é preciso entender que a sucessão familiar, em qualquer área, não é um processo fácil e geralmente acontece a longo prazo e exige certo planejamento. É fundamental manter a organização dos registros da fazenda como, atividades desenvolvidas, área da propriedade, custos relativos à produção, entre outros. Além disso, é importante que o patriarca consiga identificar quem irá dar continuidade aos negócios e informá-lo sobre a possibilidade da sucessão. Desta forma, o filho(a) ou sucessor(a) pode pensar sobre a possibilidade e escolher se irá continuar com o negócio da família. Nesse sentido, recomenda-se haver muito diálogo entre ambas as partes, a fim de se evitar atritos e imposições.

Assim como em qualquer outra atividade econômica, no setor do agronegócio, também é imprescindível a capacitação profissional para gerir com sucesso e eficiência a empresa rural. É claro que a experiência profissional acumulada ao longo dos anos tem um enorme valor para a realização de diversas atividades agrícolas. No entanto, a chamada “Agricultura 4.0” já é uma realidade no setor. Esse novo conceito, que vem crescendo e se destacando a cada dia, abrange todas as etapas de produção agrícola, desde a capacitação das equipes até o escoamento da produção. Nas etapas de pré-produção, por exemplo, temos o melhoramento genético e a bioinformática; na produção, há agricultura de precisão e equipamentos diversos e na pós-produção, há melhorias na logística e transporte.

Nesse sentido, para que o jovem possa se fixar no setor, independente de ser ou não o sucessor de alguma empresa rural, é fundamental mostrar para esse indivíduo, desde cedo, que ele faz parte de uma cadeia, e provar a importância que essa mão-de-obra tem para o desenvolvimento econômico do país. 

Hoje, os jovens interessados em seguir uma carreira promissora no agronegócio podem contar com uma diversidade de cursos técnicos, graduações e pós-graduações, além de palestras, dias de campo, seminários e outros eventos, para uma formação de qualidade.

Nesse artigo, destaco os cursos técnicos integrados ao ensino médio oferecidos pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia de todo Brasil. O estado de Alagoas possui diversos Campi que oferecem ensino nesta modalidade, onde o aluno ingressa no ensino médio e, após três anos, se forma com o título da área técnica específica. Em Batalha, na bacia leiteira alagoana, os alunos podem contar com cursos técnicos em Agroindústria e Biotecnologia, por exemplo. Em Satuba são oferecidos os cursos técnicos em Agroindústria e Agropecuária, além do curso superior em Tecnologia de Laticínios. No Campus de Santana do Ipanema também é ofertado o curso técnico em Agropecuária. Em Piranhas, no sertão do estado de Alagoas, além dos cursos técnicos de nível médio em Agroindústria e Agropecuária, é ofertado também a graduação em Engenharia Agronômica. Por fim, no Ifal Campus Murici e Maragogi são ofertados os cursos de Agroindústria e Agroecologia. Em todas as modalidades descritas, o aluno conta com uma equipe de professores e técnicos altamente capacitados, possibilidade de desenvolvimento de pesquisas e projetos de extensão além da vivência no setor agropecuário.

 A realização desta modalidade de ensino propicia ao aluno a aquisição de conhecimento técnico específico e a oportunidade para aqueles que desejam uma inserção imediata no mercado de trabalho. Profissionais que passaram pelo ensino técnico têm grande empregabilidade, além de vantagens como: rapidez na formação, formação prática, possibilidade de estágios durante o curso, ótima aceitação no mercado e maior preparo para uma universidade.

Independente dos caminhos e dos formatos, estimular o jovem a se profissionalizar de forma contínua é fundamental para que sua fixação no agronegócio, familiar ou não, seja promissora e competitiva.

Luana Cypriano de Souza

Luana Cypriano de Souza

Bacharel em Ciência e Tecnologia de Laticínios. Especialista em Docência Profissional. Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Atualmente é professora e coordenadora do curso de Agroindústria do Ifal Campus Batalha.
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